A Síndrome de Asperger

A síndrome de Asperger é uma condição neurobiológica muito parecida com o autismo,  que se manifesta na infância e faz parte do subgrupo de diagnósticos do Transtorno do Espectro Autista (TEA)¹. Apesar de não ter uma causa específica para essa síndrome, sabe-se que os Transtornos do Espectro Autista possuem ligações com fatores genéticos e também sofrem influências de fatores ambientais².

Devido as suas particularidades, a Síndrome de Asperger faz parte do nível 1 do TEA¹, onde o portador dessa doença pode apresentar poucos, ou nenhum, atrasos nas habilidades cognitivas e de linguagem, o que pode levar ao diagnóstico somente na fase adulta, quando a pessoa apresenta episódios depressivos ou de ansiedade.

A Síndrome de Asperger é caracterizada por uma percepção diferenciada do mundo, o que causa alterações na forma como a pessoa se relaciona e se comunica com os outros³. Apesar de ser um dos diagnósticos do TEA, essa síndrome não causa, necessariamente, uma dificuldade generalizada de aprendizado, como ocorre no autismo, mas pode afetar somente áreas específicas. Por esse motivo, somente profissionais especializados poderão diagnosticar se os sintomas apresentados são, de fato, pertencentes à síndrome.

A Síndrome de Asperger em crianças

Durante a infância, crianças que possuem a Síndrome de Asperger podem apresentar, principalmente, comportamentos incomuns que dificultam a socialização, como empurrar uma pessoa para lhe chamar a atenção, por exemplo. Os sintomas podem surgir, já nos primeiros anos de vida, e são capazes de causar prejuízos emocionais, principalmente devido ao comprometimento das interações sociais.

Por se tratar de um tipo de autismo leve e não comprometer, necessariamente, habilidades cognitivas, as crianças portadoras da Síndrome de Asperger podem ser consideradas crianças “malcriadas”, bagunceiras, esquisitas e tímidas, e esses estereótipos podem ser levados à vida adulta também.

Em geral, são crianças que apresentam dificuldades de estabelecerem relacionamentos, principalmente com crianças de sua idade, podem ter dificuldades de concentração, pois costumam se prender a assuntos que lhe são de interesses, o que dificulta, por exemplo, a fazer suas atividades escolares. Também apresentam dificuldades em manter contato visual, muitas vezes, se fixando em outras partes do corpo, como a boca, por exemplo, ao estabelecer conversas com outras pessoas.

Também podem apresentar interesses em assuntos um pouco incomum, como trem e aspiradores de pó, podendo, inclusive, se tornarem, na vida adulta, especialistas nos assuntos de interesse, pois, ao terem um objeto que lhe prenda a atenção, costumam ser bastante detalhistas e focados nesse assunto específico.

Além dos sintomas citados acima, crianças com a síndrome podem apresentar:

  • Expressão facial que raramente muda ou inexpressiva;
  • Dificuldade em compreender e utilizar linguagem não verbal;
  • Desorganização e dificuldade em terminar tarefas, incluindo o trabalho escolar;
  • Dificuldades para resolver problemas;
  • Sensibilidade a ruídos, odores, gostos ou informações visuais;
  • Dificuldade em saber quando alguém está brincando ou provocando;
  • Inquietação quando há uma mudança de rotina ou plano;
  • Comportamentos considerados desajeitados.

Apesar do que se acredita sobre crianças que possuem essa síndrome, elas não são limitadas cognitivamente, pelo contrário, possuem habilidades intelectuais elevadas, porém, muitas vezes precisam ser estimulados nas suas áreas de habilidades específicas, para conseguirem se desenvolver⁶.

A síndrome de Asperger em adultos

Apesar dos sintomas dessa síndrome surgirem ainda na infância, é muito comum que o diagnóstico seja obtido já na fase adulta, quando esses sintomas ficam muito mais acentuados.

Devido à dificuldade de entender e se relacionar com outras pessoas, o portador dessa síndrome pode ter muita dificuldade em participar de atividades no ambiente familiar, escolar, laboral e social. Essas dificuldades podem parecer, às pessoas com a síndrome, de que são “diferentes” e sentir que as suas diferenças sociais significam que as pessoas não as entendem, podendo desenvolver alguns transtornos, como o Transtorno de Ansiedade, Transtorno Depressivo e o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).

Na fase adulta, alguns sinais podem ser observados em pessoas com a Síndrome de Asperger, como ⁴:

  • Dificuldade em se relacionar com outras pessoas, devido à rigidez de seus pensamentos e comportamentos, tendo dificuldade, por exemplo, em manter uma conversa social e informal com qualquer outra pessoa;
  • Comunicação mais rígida, utilizando de palavras  e entonações de voz mais formais, tendo, inclusive, um vasto vocabulário, principalmente em assuntos que lhe são do seu interesse;
  • Dificuldade de compreender suas emoções e as emoções do outro, podendo demonstrar que não se importa muito com o que o outro sente;
  • Necessidade de criar rotinas, para tornarem o ambiente um pouco menos confuso e qualquer modificação nessas rotinas possa desestabilizá-los, resultando em episódios de raiva e choro;
  • Falta de habilidades motoras, podendo ter dificuldades em atividades corriqueiras, como amarrar cadarço, podendo ser consideradas pessoas desastradas;
  • Interesses muito específicos sobre determinados assuntos, muitas vezes utilizando esses assuntos de interesses em conversa com outras pessoas, independente da outra pessoa estar ou não interessada nesse assunto.

Apesar de ser caracterizada, durante muitos anos, como uma síndrome majoritariamente masculina, nos últimos anos houve um aumento progressivo de diagnóstico em mulheres. Essa diferença de diagnósticos femininos e masculinos pode ter sido causada, principalmente, pela necessidade imposta às mulheres, pela sociedade, de que a mulher deveria ser muito mais sociável que os homens, levando essas mulheres a aprenderem a camuflar as dificuldades que possuíam ou a serem definidas como esquisitas e tímidas⁵.

Diagnostico e Tratamento

Por se tratar de uma condição leve do TEA, muitos dos sintomas dessa síndrome podem ser confundidos com inabilidades sociais e características da personalidade da pessoa, tornando o diagnóstico um pouco mais complicado. Por esse motivo, é recomendado que o diagnóstico seja concluído por equipes multiprofissionais e que possuam experiência no trato dessa condição, como fonoaudiólogos, psicólogos e neuropsicólogos.

            Devido ao diagnóstico, muitas vezes tardio, dessa síndrome, é necessário realizar uma investigação profunda, realizada por profissionais habilitados, como o psicólogo, onde serão analisadas a vida familiar, sua história e as relações que estabeleceu durante seu desenvolvimento em diversos ambientes, como escola, família e grupos sociais.  

Por não se tratar de uma doença, mas de uma condição neurobiológica, a Síndrome de Asperger não tem cura, porém, com os tratamentos adequados, é possível diminuir os comportamentos que causam prejuízo ao portador dessa síndrome, assim como às pessoas que convivem diretamente com ele, como pais e cônjuges.

O diagnóstico correto e o tratamento adequado podem oferecer às crianças portadoras dessa síndrome, a chance de se desenvolverem melhor e tornarem-se adultos mais independentes.

O tratamento psicológico auxilia a pessoa a compreender melhor o que acontece consigo, tendo maior contato com suas emoções e com suas dificuldades, assim como a aprender habilidades sociais que poderão melhorar o convívio com outras pessoas, superando seus desafios diários. Em casos de tratamentos infantis, também é muito importante que haja o acompanhamento e a psicoeducação dos pais e familiares sobre as condições do autismo, para que aprendam a lidar com as particularidades dessa síndrome⁶.

Quando adulto, muitas vezes é necessário à introdução de medicamentos para diminuir sintomas de transtornos específicos, desenvolvidos devido a essa síndrome, como ansiedade, depressão ou o TOC².

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